terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Mega-Sena, Mega da Virada e os princípios bíblicos

É mais fácil ser atingido pela peça desprendida de um avião em voo do que ganhar na Mega-Sena. As chances de acertar as seis dezenas são de 1 em 50 milhões, enquanto a probabilidade de ser atingido por uma peça perdida de avião é de 1 em 10 milhões. Mas com prêmios tentadores, muita gente não resiste a apostar. Para o sorteio desta terça-feira (19/12), o prêmio da Mega-Sena está acumulado em R$ 43,5 milhões. E para quem quiser aguardar mais um pouco e apostar em um prêmio maior, tem a Mega-Sena da Virada, que neste ano promete R$ 220 milhões. O sorteio do concurso, que será o de número 2.000, alimenta as expectativas de muitos apostadores que pretendem começar 2018 com o bolso cheio de dinheiro. 

Mas então... o cristão pode fazer uma “fezinha” na loteria? Seria mero capricho da igreja ser contra jogos de azar?

Na Bíblia não há uma orientação específica sobre jogar na loteria, pois na época em que foi escrita, tal meio de ganho não existia (na forma de loteria), mas há princípios bíblicos que nos levam a concluir que tal prática não é compatível com o cristianismo. Vejamos alguns:

1) Devemos trabalhar para que tenhamos o sustento – (Pv 21:25; Ef 4:28; 1 Ts 4:11; 2 Ts 3:10)

2) Devemos investir nosso dinheiro de modo sábio e que beneficie o nosso próximo – (Pv 3:9-10; Ef 4:28).

3) Devemos priorizar o “reino de Deus” ao invés dos “bens materiais” – (Mt 6:25-34).

4) Não devemos ser escravos do dinheiro ou de qualquer outra coisa (inclusive jogar) – (Ec 5:10; 1 Tm 6:10).

Alguns nutrem a ideia de que o jogo de azar gera algum tipo de renda ao país, entretanto “não gera renda, antes, toma daqueles que não têm condições e dá a uma minoria, sendo o maior ganhador, obviamente, o operador. O ideal é que o cristão não participe deste tipo de jogo. Além disso, o dinheiro gasto com este tipo de prática poderia ser direcionado à pregação do evangelho ou no cuidado de pessoas carentes que não têm recursos para comprar uma blusa ou um pão, ao invés de servir para 'enriquecer outros'. A ideia de que o jogo pode ter um benefício econômico positivo é ilusão…” (Declarações da Igreja Adventista do 7º dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003, 43).

Há também o perigo (e isto quase sempre acontece) de a pessoa viciar no jogo de modo a não conseguir parar com o mesmo. Isto é prejudicial à saúde mental e espiritual e proporciona sérios prejuízos financeiros e psicológicos, sentidos especialmente pela família do jogador viciado.

Veja que a Bíblia é clara ao dizer que deveríamos trabalhar para ganhar nosso sustento: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar” (Gn 2:15). E depois do pecado, o meio para se obter o sustento não foi mudado. Ainda deveria ser pelo trabalho: “No suor do rosto comerás o teu pão” (Gn 3:19). Veja, ainda, o que Paulo diz: “[...] nem jamais comemos pão à custa de outrem; pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia, trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós; [...] se alguém não quer trabalhar, também não coma” (2 Ts 3:8,10).

Qualquer outro meio para se conseguir o pão que não seja por um trabalho e, acima de tudo, honesto, está fora do ideal de Deus para o sustento do ser humano. Note que o profeta Isaías (55:2) adverte sobre “[gastar] o dinheiro naquilo que não é pão” Isso indica que o uso do dinheiro deve ser feito com muito critério, em coisas que realmente são necessárias, e não ser gasto tentando a sorte em jogos, onde raramente ou nunca se ganha, e quando se ganha é às custas do sofrimento de milhares que perderam seu dinheiro. Imagine: ganhar às custas de quem perdeu. Seria isso cristão? Poderíamos assim resumir as diversas razões pelas quais um cristão não deve se envolver em jogos de azar:

1. Não é o meio indicado por Deus para se conseguir o sustento, que é trabalhando (Gn 2:15; 3:19; Is 55:2; 2Ts 3:7,8,10-12).

2. É dinheiro ganho às custas de quem perdeu o seu no jogo (dinheiro que faz muita falta no lar).

3. É uma tentativa de ganhar dinheiro fácil, sem o “suor do rosto” Esta maneira de viver, muitas vezes leva ao roubo e à desonestidade (outras maneiras de se tentar ganhar dinheiro fácil).

4. Jogos de azar podem viciar, e o vício é uma espécie de idolatria (um ídolo é tudo aquilo a que dedico meu tempo, minhas energias e meus bens). E os idólatras não herdarão o reino de Deus (1 Co 6:9).

5. Geralmente, o lugar e os companheiros de jogo não ajudam em nada a vida espiritual. Em vez disso, tornam-se forças contrárias ao bem e ao crescimento da espiritualidade. Junto com o jogo de azar, geralmente, andam o tráfico de drogas, de armas, a prostituição.

6. Mesmo sendo lícitos pelas leis do Estado, o cristão tem, como sua lei maior, a Santa Bíblia, que é contrária a esses jogos.
“Parece que precisamos de uma lei para acabar com as escolas de jogo. Estas proliferam em toda parte. Mesmo a igreja (inadvertidamente, sem dúvida) algumas vezes faz a obra do diabo. Concertos com fins beneficentes, bingos e rifas, algumas vezes em auxílio de objetivos religiosos ou caritativos, mas frequentemente com finalidades menos dignas, sorteios de prendas, jogos de prêmios, são todos expedientes para se obter dinheiro sem retribuição correspondente. Nada é tão desmoralizador ou pernicioso, particularmente para os jovens, como a aquisição de dinheiro ou propriedade sem trabalho. Se pessoas respeitáveis se empenham nessas empresas de azar e acalmam a consciência com o pensamento de que o dinheiro se destina a um bom fim, não é para se estranhar que a juventude do Estado tão a miúdo caia nos hábitos que, com quase toda a certeza, a tornarão afeiçoada aos jogos de azar.” (Governador Washburn, de Wisconsin, em sua mensagem anual, em 9/01/1873, citado por Ellen G. White, em O Grande Conflito, p. 387)

O prof. Leandro Quadros também comenta sobre esse assunto:

4 comentários:

  1. Com todo respeito. Nào quero aqui incentivar esta prática. Nem ser a consciência e dizer se os leitores devem fazer isto ou não. Apenas quero destacar aqui que estes argumentos são muito ruins, alguns deles são falácia pura.

    Alguns exemplos:
    1. "enquanto a probabilidade de ser atingido por uma peça perdida de avião é de 1 em 10 milhões."

    Quem calculou esta probabilidade? Qual a referência? Imagino ser um absurdo. Pois se a brincadeira é falar da probabilidade real de se ganhar em tal premio, entao precisamos ser mais realistas e matematicamente precisos.

    Precisamos educar mais as pessoas neste ponto para entender probabilidade, estatistica... e o que chamamos de Riscos. Assim como Riscos Financeiros.

    Se a chance (como colocou) de ganhar na megasena é de 50milhoes e se o premio do ganhador for de 250milhoes. Então a Esperança Estatistica (ou o risco) no caso é Probabilidade × Premio = (1/50mi)×(250mi) = 5 Reais.
    Ou seja, se o custo for de 3 reais. A esperança é que você tenha um lucro de 2 reais.

    Desta forma. O mais lógico e racional seria a pessoa 'jogar/fazer tal aposta'. Nos casos em que a Esperança > Custo.

    Bem, sou formado em matematica. E estudei um pouco sobre a Historia da matematica e da Aleatoriedade. Desde os tempos biblicos (na verdade, muito antes disso), já havia vátias modalidades ds jogos de probabilidade. A Biblia descreve o uso de 'lançar sortes' inclusive no ritual do templo para se escolhrr o sacerdote e a azazel (tem o caso dr Jonas tambem). É muito provavel e de se esperar que pessoas faziam 'apostas' em cima destas probabilidades.

    Se isso tem risco de viciar uma pessoa? Ora, tudo tem o risco de viciar a pessoa. A pessoa pode até mesmo ficar 'viciada' em.ler livros/biblia, viciada em.musicas... dentre todas outras coisas. Este tipo de argumento deve ser melhor apresentado.

    O dinheiro da aposta... é quase como um imposto. Boa parte é usado para financiar pesquisas cientificas no Brasil. Uma parcela que é destinafo ao pagamento do premio.

    Jose, Daniel, Davi, Salomão.. dentre outros tambrm reberam muito dinheiro(poder) em pouco tempo. Sem um esforço proporcional para aquilo... alias. nesta logica nunca deveriamos dar presentes a ninguem. Pois tal nao se esforçou para adquirir tal.

    apenas quero dizer que devemos refletir e entender melhor este assunto.. ao invés de apresentar argumentos que podem ser muito melhores.

    procure textos que EGW fala espeficificamente sobre isto e compare-os. O maior problema apontado por ela é quanto a ganancia.. e tal pessoa despender mais recursos nisso do wue com ajudas ao pobre e a igreja.

    Abraços.

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    1. Meu irmão, você começou falando bem e com argumentos convincentes mas aí solta isso: "É muito provavel e de se esperar que pessoas faziam 'apostas' em cima destas probabilidades." Como você pode falar que uma coisa é provável sem base nenhuma? Em matemática você deve ser bom, mas é claro que está apenas usando isso pra defender aqueles que querem jogar e ganhar dinheiro "fácil".

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    2. Olá Adão. Não estou a defendê-los. Tenho inclusive um post no meu blog que falo um pouco sobre isso e incentivo a outra prática (investimentos). Veja: http://ociokako.blogspot.com.br/2007/06/matemtica-da-mega-sena.html

      Quando digo que é provável que haviam apostas em torno de jogos de probabilidade nos tempos bíblicos é porque de fato já haviam 'apostas' (muitas delas com maior valor do que o dinheiro, como a vida de pessoas) em outros povos. Desde os tempos antigos já se especula que havia alguns jogos de probabilidade em que os 'nobres' jogavam e jogavam muito. Em Israel, apesar da Biblia não especificar, é muito provável. Pois eles lançavam sortes para várias coisas; tiveram terríveis períodos de idolatria, paganismo, amor ao dinheiro, exploração etc. E usavam já o método de sorteio para várias coisas de imenso valor (como o serviço no templo) explícitos na Palavra. Logo tal inferência não é absurda.

      POrém é preciso entender melhor. Pois o nome 'loteria' pode esconder melhor a verdadeira natureza da coisa. Que é apostar num prêmio de baixíssima probabilidade. Assim, como no mercado financeiro, arriscar numa opção muito 'fora do dinheiro' (conhecida como 'estratégia do pó').
      Isso ocorre do mesmo modo quando adquirimos um Seguro de Vida, Seguro de Carro, Seguro de Casa, Seguro de Saúde e etc. Estamos apostando num prêmio maior do que o custo, estimando que a probabilidade de ocorrer não é tão baixa assim.
      Aliás, neste aspecto, por muitas décadas, a Igreja Adventista do Sétimo Dia era abertamente contra fazer qualquer tipo de 'seguro', pela mesma natureza de se estar jogando dinheiro 'fora', crendo na 'aleatoriedade' das coisas.

      Porém, imagine outro cenário. Suponha, que o prêmio fosse de R$ 1 bilhão, e o custo do bilhete R$ 0,01. Nesta situação seria absurdo você jogar?

      Quanto a questão dos vícios e outros tipos de problemáticas que podem acarretar. Exemplo: vicio em 'trabalho honesto'; ou viciao em comer; ou esportes etc. Estas coisas devem ser vistas em seus devidos aspectos.

      Salomão aconselha a investirmos em vários negócios pois não sabemos o que será no futuro. Uma pessoa investindo em ações de várias empresas esperando um retorno maior que o custo no futuro estaria apostando indevidamente?
      Aliás, neste extremismo, no passado, houve uma época em que era comum ouvir pastores adventistas condenando quem investe no mercado financeiro (até mesmo poupança), como ações, porque isto era 'especulação' = aposta = loteria. [e como fica a inflação?]

      Ainda bem, que pelo menos, neste ponto já houve um avanço. Há tempo não ouço um adventista falando tal bobagem. Antes procurando conhecer melhor sobre suas opções para investimento.

      Aliás, quem quiser conhecer mais sobre investimentos, fale comigo.

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  2. Ellen White diz que jogos e apostas são invenção de Satanás.... o que mais dizer, né? “O jogo de cartas, as apostas, jogo, as corridas de cavalo e as representações teatrais são todas de sua [de Satanás] própria invenção, e ele tem induzido homens a levarem avante esses divertimentos com tanto zelo como se estivessem ganhando para si a própria dádiva da vida eterna” (CM, 134).

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