quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Beth Carvalho, Os Arrais e a Esperança


A Bíblia é um livro que irradia esperança. Somos um povo que caminha sob uma promessa. Viver pela fé é ter a certeza daquilo que esperamos e que não vemos (Hebreus 11:1). Essa esperança se manifesta, como não podia deixar de ser, principalmente de forma escatológica. Esperamos a manifestação da plenitude da glória de Deus na volta de Jesus Cristo. Mas há um sentido de esperança mais imediato que o cristão também experimenta.

É incrível como o consolo nos chega de formas muito distintas enquanto atravessamos períodos difíceis. Em meio às minhas próprias dificuldades, encontrei na belíssima (e consagrada) canção “O show tem que continuar” traços da teologia da esperança!

O samba diz:
“Hoje somos folha morta / metais em surdina / fechada a cortina / vazio o salão”.
A música fala claramente de um amor que acabou. Mas pense como isso retrata bem os nossos vales! Há períodos em que tudo parece absolutamente destruído. Deus parece bem distante e nossas alternativas, inexistentes. Não existe luz no fim do túnel.

Quem nunca experimentou essa sensação:
“Se os duetos não se encontram mais / E os solos perderam a emoção / Se acabou o gás / Pra cantar o mais simples refrão”?
Coisas simples que fazíamos corriqueiramente se tornam verdadeiras montanhas a serem superadas!
“Se a gente nota / que uma só nota / já nos esgota / o show perde a razão”.
Na linguagem do samba, este é o auge do quadro. Na gradação do sentimento, uma só nota é o suficiente pra para tirar toda nossa força. Não é assim que nos sentimos às vezes? Estafados?

Coisas simples como ler a Bíblia, orar, ir à igreja se tornam custosas. A vontade é de ficar em casa sem fazer absolutamente nada. Nos sentimos entregues, sem força pra reagir!

Mas a partir deste ponto, sou obrigado a discordar do samba. Num repente de esperança, a letra diz:
“Mas iremos achar o tom / Um acorde com lindo som / e fazer com que fique bom outra vez / o nosso cantar”.
Para nós, que somos cristãos, a força para nos tirar deste estado é externa. Não conseguimos “achar o tom”, nem “fazer com que fique bom” nada. Nós esperamos em Deus!

A teologia da esperança, seja escatológica ou não, deposita sua confiança em Deus. Ele é o nosso redentor! Ainda que, aparentemente, esteja longe “Ele não permitirá que você tropece; o seu protetor se manterá alerta, sim, o protetor de Israel não dormira, ele está sempre alerta!” (Salmo 121:3-4).

Quando não há nenhuma possibilidade de salvação, quando estamos prostrados nas nossas dificuldades, ainda assim devemos lembrar que “o nosso Redentor vive, e que no fim se levantará sobre a terra” (Jó 19:25).

Esperança! Nós vivemos na expectativa que o Senhor não irá nos abandonar! Não entendemos os porquês. Podemos vir até a cair. Nossa esperança temporal pode acabar se tornando escatológica mesmo. A doença pode acabar vencendo. A morte pode ser o fim aqui. Mas, ainda assim, o que nos espera é a gloriosa mão do Senhor dizendo: “Vinde, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (Mateus 25:34).

Para mim, “o show tem que continuar” faz um paralelo claro com “Esperança”, dos Arrais:
“Confiamos na promessa que o pranto toma a noite / mas logo vem o dia / e gritos de alegria ecoarão”.
Ainda que você esteja esgotado com apenas uma nota, continue esperando. Eleve seus olhos para os montes! O seu socorro vem chegando! Ele vem depressa para cuidar dos Seus. Nossa vida é como um vapor. Esse sofrimento logo irá passar. Mesmo que demore 10, 20, 40 anos, mantenha firme a esperança no Senhor.

Assim como Paulo, se agarre a essa promessa: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada”. (Romanos 8:18). Há uma glória a ser revelada! O show vai continuar! Isso é certeza.

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