segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Mega da Virada, princípios bíblicos e Declaração da Igreja Adventista


O sorteio do concurso da Mega-Sena acontece no próximo dia 31 de dezembro. A estimativa é que seja pago um prêmio de R$ 240 milhões, de acordo com a Caixa Econômica Federal. A aplicação do valor integral na poupança pode render R$ 1,4 milhão por mês - ou cerca de R$ 46 mil por dia, segundo a Caixa. A aposta mínima é de R$ 2,50 e pode ser feita em qualquer lotérica do Brasil até às 14h do dia 31 de dezembro. A probabilidade de ganhar o prêmio milionário é, segundo a Caixa, de 1 em 50.063.860. A primeira edição da Mega da Virada aconteceu em 2009.

Então... o cristão deve fazer uma “fezinha” na loteria? Seria mero capricho da igreja ser contra jogos de azar? Sorte ou azar? Certo ou errado?

Na Bíblia não há uma orientação específica sobre jogar na loteria, pois na época em que foi escrita, tal meio de ganho não existia (na forma de loteria), mas há princípios bíblicos que nos levam a concluir que tal prática não é compatível com o cristianismo. Vejamos alguns:

1) Devemos trabalhar para que tenhamos o sustento – (Pv 21:25; Ef 4:28; 1 Ts 4:11; 2 Ts 3:10)

2) Devemos investir nosso dinheiro de modo sábio e que beneficie o nosso próximo – (Pv 3:9-10; Ef 4:28).

3) Devemos priorizar o “reino de Deus” ao invés dos “bens materiais” – (Mt 6:25-34).

4) Não devemos ser escravos do dinheiro ou de qualquer outra coisa (inclusive jogar) – (Ec 5:10; 1 Tm 6:10).

Alguns nutrem a idéia de que o jogo de azar gera algum tipo de renda ao país, entretanto “não gera renda, antes, toma daqueles que não têm condições e dá a uma minoria, sendo o maior ganhador, obviamente, o operador. O ideal é que o cristão não participe deste tipo de jogo. Além disso, o dinheiro gasto com este tipo de prática poderia ser direcionado à pregação do evangelho ou no cuidado de pessoas carentes que não têm recursos para comprar uma blusa ou um pão, ao invés de servir para “enriquecer outros”. A ideia de que o jogo pode ter um benefício econômico positivo é ilusão…” [1]

Há também o perigo (e isto quase sempre acontece) de a pessoa viciar no jogo de modo a não conseguir parar com o mesmo. Isto é prejudicial à saúde mental e espiritual e proporciona sérios prejuízos financeiros e psicológicos, sentidos especialmente pela família do jogador viciado.

A posição da Igreja Adventista do Sétimo Dia com respeito aos jogos de azar é a mencionada no Manual da Igreja, baseada na Bíblia Sagrada. Veja que, entre as razões para a disciplina de um membro, está a prática de jogos de azar: “Violação da lei de Deus, tal como a adoração de ídolos, homicídio, roubo, profanação, jogos de azar, transgressão do sábado, e falsidade voluntária e habitual” (p. 194,195).

Veja que a Bíblia é clara ao dizer que deveríamos trabalhar para ganhar nosso sustento: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar” (Gn. 2:15). E depois do pecado, o meio para se obter o sustento não foi mudado. Ainda deveria ser pelo trabalho: “No suor do rosto comerás o teu pão” (Gn 3:19). Veja, ainda, o que Paulo diz: “[...] nem jamais comemos pão à custa de outrem; pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia, trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós; [...] se alguém não quer trabalhar, também não coma” (2 Ts 3:8,10).

Qualquer outro meio para se conseguir o pão que não seja por um trabalho e, acima de tudo, honesto, está fora do ideal de Deus para o sustento do ser humano. Note que o profeta Isaías (55:2) adverte sobre “[gastar] o dinheiro naquilo que não é pão” Isso indica que o uso do dinheiro deve ser feito com muito critério, em coisas que realmente são necessárias, e não ser gasto tentando a sorte em jogos, onde raramente ou nunca se ganha, e quando se ganha é às custas do sofrimento de milhares que perderam seu dinheiro. Imagine: ganhar às custas de quem perdeu. Seria isso cristão? Poderíamos assim resumir as diversas razões pelas quais um cristão não deve se envolver em jogos de azar:

1. Não é o meio indicado por Deus para se conseguir o sustento, que é trabalhando (Gn 2:15; 3:19; Is 55:2; 2Ts 3:7,8,10-12).

2. É dinheiro ganho às custas de quem perdeu o seu no jogo (dinheiro que faz muita falta no lar).

3. É uma tentativa de ganhar dinheiro fácil, sem o “suor do rosto” Esta maneira de viver, muitas vezes leva ao roubo e à desonestidade (outras maneiras de se tentar ganhar dinheiro fácil).

4. Jogos de azar podem viciar, e o vício é uma espécie de idolatria (um ídolo é tudo aquilo a que dedico meu tempo, minhas energias e meus bens). E os idólatras não herdarão o reino de Deus (1 Co 6:9).

5. Geralmente, o lugar e os companheiros de jogo não ajudam em nada a vida espiritual. Em vez disso, tornam-se forças contrárias ao bem e ao crescimento da espiritualidade. Junto com o jogo de azar, geralmente, andam o tráfico de drogas, de armas, a prostituição.

6. Mesmo sendo lícitos pelas leis do Estado, o cristão tem, como sua lei maior, a Santa Bíblia, que é contrária a esses jogos.

“Parece que precisamos de uma lei para acabar com as escolas de jogo. Estas proliferam em toda parte. Mesmo a igreja (inadvertidamente, sem dúvida) algumas vezes faz a obra do diabo. Concertos com fins beneficentes, bingos e rifas, algumas vezes em auxílio de objetivos religiosos ou caritativos, mas freqüentemente com finalidades menos dignas, sorteios de prendas, jogos de prêmios, são todos expedientes para se obter dinheiro sem retribuição correspondente. Nada é tão desmoralizador ou pernicioso, particularmente para os jovens, como a aquisição de dinheiro ou propriedade sem trabalho. Se pessoas respeitáveis se empenham nessas empresas de azar e acalmam a consciência com o pensamento de que o dinheiro se destina a um bom fim, não é para se estranhar que a juventude do Estado tão a miúdo caia nos hábitos que, com quase toda a certeza, a tornarão afeiçoada aos jogos de azar” (Governador Washburn, de Wisconsin, em sua mensagem anual, em 9/01/1873, citado por Ellen G. White, em O Grande Conflito, p. 387)

[1] Declarações Da Igreja Adventista do 7º dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003, 43.

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