segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Os cristãos e o debate político nas redes sociais


A maneira como o comportamento humano tem se revelado nos dias atuais chega às barras da discrepância. As redes sociais, por exemplo, têm apresentado debates calorosos, defesas veementes dos mais diversos pontos de vista, como se isso representasse, de fato, comportamentos que regem a vida de seus advogados, engajados politicamente na vida das cidades e dos direitos cidadãos.

Eleitores defendem os partidos políticos que mais lhes agradam, e convenhamos, isso é legítimo, contudo à medida que seguem escrevendo o que lhes vai ao coração, aos sentimentos, muitas vezes cheios de rancor e ódio, se fazem acompanhar pela incoerência, se não diante do quadro político nacional que defendam, por certo que diante da essência do brocardo: “faça aos outros, o que quer que façam a você”.

Sim, este, na maioria dos casos das pessoas que passaram a expressar suas opiniões, incentivados pela larga visualização e possibilidade de debate na internet, é aquele ditado que, penso, seja comum a todos. No entanto, não é o que se vê. Ataques levianos e desrespeito para com o ser humano passaram a ser moeda corrente aos que se dizem politizados e detentores de opiniões abalizadas sobre direitos fundamentais.

Pergunte a alguém que defenda a política neoliberal ou a socialista, ou a quem as ataque a uma ou outra, se ela sabe discernir em mínimas palavras, a essência dessas correntes. Vai se surpreender com a quantidade de ignorância a esse respeito, tanto quanto vai se deparar com conceitos enganosos quando comparados à verdade que fundamenta essas teorias. O que dizer então dessas mesmas pessoas que fazem muito barulho, mas nunca foram capazes de escrever um e-mail sequer para cobrar posturas de seus representantes.

A vida parece que se tornou um ringue. As pessoas parecem estar armadas para atacar ao primeiro que emita uma opinião sobre qualquer assunto e que seja contrária ao que elas pensem. Isso sem falar na prática da generalização, tomando a parte pelo todo, sem qualquer justiça à particularidade do indivíduo. Onde está o respeito? Pessoas que se dizem defensoras das liberdades de expressão e opinião têm sido as primeiras a responder com indignidade, se confrontadas as suas opiniões com os direitos que reivindicam.

A humanidade está precisando de um pouco mais de tolerância. As pessoas se digladiam na internet e nas ruas, sendo elas mesmas que no frigir dos ovos, esperam para si e para seus filhos, a possibilidade de vivenciarem o respeito e o direito de ser contrário. Como podem esperar algo que não sejam capazes de dar? O que esperam colher com isso senão o ódio? Não se paga o mal com o mal. A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira. A língua dos sábios torna atraente o conhecimento, mas a boca dos tolos derrama insensatez.

O Cristo quando esteve neste mundo de dores e sorrisos forçados, de dentes que rangem ao menor sinal de discordância, demonstrando a intolerância e o desrespeito, e mesmo o egoísmo que não chega a ser reconhecido, falou daquilo que lhe é inerente: Divindade, no sentido mais amplo que possa traduzir o amor. Ele mesmo disse: Dê a cada um aquilo que lhe pertença. Quanto à vida de erros vivenciada pelos homens, advertiu-os: arrependam-se.

Para se arrepender de algo, é preciso antes reconhecer o erro. E todas estas coisas ele as pronunciou com amor, como quem conhece o homem até mesmo naquilo que lhe vai mais oculto ao coração, incapaz de reconhecer. Como pode alguém dizer que ama a Deus, que não vê, se não é capaz de amar ao seu semelhante, que pode ver? Isso tudo é, no mínimo, uma vida de contradições.

Shabbat Shalom!

Sadi – Um Peregrino da Palavra (Título original: #Contradições)

Fonte: Nova Semente

Nenhum comentário:

Postar um comentário